sexta-feira, 4 de julho de 2008
Entrevista com Omar Rodriguez (Mars Volta) para a revista Rolling Stone gringa
RS: Você nasceu em Porto Rico e inicialmente queria ser um pianista de salsa. Aonde está a conexão entre o Prog-Metal extremo que vc compõe e toca na guitarra do Mars Volta e a salsa e música espanhola tradicional que você ouvia quando garoto?
(Aqui ficam explícitas a idiotice e a falta de informação reinantes nas revista especializadas no mundo pop, bem com a de seus entrevistadores. Mars Volta tocando Prog-Metal extremo?!?!?!)
Omar: Muito do que eu toco está em tons menores, isto tem o feeling dos nossos sons tradicionais. Acordes que soam bem pra mim sempre me remetem de volta à minha infância. "Asilos Magdalena", do Amputechture de 2006, começou como um exercício. Meu pai tocava guitarra com o polegar e o indicador da mão direita. Eu queria tocar dessa forma e transpus isto numa música.
Música é um aspecto grande na cultura porto-riquenha. Nas reuniões familiares, acontece muito de improvisarem músicas, cantando sobre qualquer coisa que esteja acontecendo na sala. Meu pai era médico na marinha e estudava para ser psiquiatra, mas ele tinha a sua própria banda de salsa com meus avós e tios, e me levava pros ensaios"
RS: O que você aprendeu?
Omar: Quando eu ficava triste por não estar rolando bem o negócio com o piano, meu pai e tios diziam-me: "Aprenda sobre a conga. Uma vez que vc conhecer a conga, poderá tocar baixo. Uma vez iniciado nesses dois, vc poderá tocar qualquer coisa.
Isto é a terra, as raízes"
Quando eu tocava com meu pai, era sempre algo rítmico, uns exercícios. Eu não suportava Led Zeppelin na época. Mas eu achava John Bonham e John Paul Jones demais. Eu costumava desejar q fosse possível adquirir as gravações do Led sem vocal ou guitarra...
RS: Aonde está a salsa nos (sic!!!!!!!) "compassos em staccato" e a distorção do TMV?
Omar: Na escolha das notas e dos grooves. Mas muitos dos grooves são acelerados de tal forma que ficam irreconhecíveis. O melhor exemplo é na música "L'Via L'Viaquez" do álbum Frances the Mute de 2005. Mas quando você os acelera e adiciona distorção e delay, soa como algo diferente.
RS: Vc é frequentemente comparado com John McLaughlin e Robert Fripp.Qual foi a influência deles em vc?
Omar: Eles me fizeram sentir tipo "Eu posso fazer isso", o que é engraçado, por que eles são o avesso de como eu me aproximei do instrumento. Eles são bem desenvolvidos tecnicamente, sabem exatamente o que estão tocando. Na primeira vez que eu tentei tocar solos, não conhecia escalas, então me virei, tocando do modo que soasse bem pra mim, de forma dissonante. Mas quando eu ouvi esses caras, pensei, "Eles estão fazendo isso, soa bem, quer dizer que eu também posso." Eu ouvi Black Flag com 12 anos e King Crimson com 16. Eles foram grandes marcos para mim na forma que eu entendia a música rock cantada em inglês.
RS: Jimi Hendrix foi uma inspiração? As suítes e atmosferas no "Frances the Mute" me fazem lembrar das orquestrações de guitarra em "Electric Ladyland".
Omar: Essa é minha parada favorita, a coisa das texturas sonoras. Muitos dos "interlúdios", introduções e "outros" nas minhas músicas são escritas separadamente. Algumas vezes eu estou no clima pra músicas meditativas, coisas que tomam muito tempo pra vir à tona; então eu percebo que estão no mesmo tom que outra composição e implorando para serem postas juntas.
RS: Antes do Mars Volta, vc era do At the Drive-in, uma banda com duas guitarras. Qual era o seu papel lá?
Omar: Eu poderia descrever como um combate, pois odiava a guitarra naquele momento. Meu negócio era fazê-la soar como qualquer coisa, exceto uma guitarra, na escolha de notas e pedais de efeitos. Eu tinha como minha função perverter as músicas o quanto fosse possível, de forma a dar a elas um pouco de personalidade.
RS: Como você descreveria seu timbre no Mars Volta?
Omar: Qualquer coisa que seja dolorosa aos ouvidos. Tem sido uma piada corrente entre os engenheiros de som desde o 1º álbum. Eu falo "Nós precisamos de mais disto, desse efeito aqui", eles dizem "Bem, está completamente fodidamente desagradável agora". Esse é meu timbre. Há algo de belo em coisas intensas e brutas. As recompensas são sempre grandes.
RS: Você tem uma porrada de pedais de efeito, o que seriam bons exemplos de como você os usa?
Omar: Eu adoro o som de pedais de delay, particularmente o "Memory Man", que inclui vibrato no delay, soa como uma senhora idosa falando. No começo da "Roulette Dares", do Deloused in Comatorium de 2003, a guitarra tem um "frequency analyser" (pedal que mexe com vozes) nela, que vai do mais morno e limpo som até os registros mais estridentes. Sente-se como se seus tímpanos fossem estourar.
RS: Mas vc também toca coisas simples e bonitas como "Tourniquet Man" do Bedlam in Goliath...
Omar: Fico surpreso quando consigo tocar bonitinho, mais ainda quando eu continuo assim; sou muito criança nesse sentido. Quando o engenheiro diz "Uau, realmente gostei disso" eu falo "Sério? Vamos por o ring modulator, agora inverta. O q vc acha agora?"
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